sábado, 3 de abril de 2010

Luz que me fez preso na minha natureza.

Não que eu não soubesse o efeito que isso podia me causar, mas queria que me fizesse querer viver mais, não nunca mais. E pensar que algo tão natural, simples, pudesse me mostrar a real essência do que o meu ser não era. Mas então me tornar mau. Colher as ervas, pegar a água, preparar o chá. Simples e de consequências sem volta.  Eu só queria enxergar mais do que meus olhos foram feitos para ver. Pensando que ver me faria mudar, para melhor, não para agora. Mas ver a aura das criaturas não iluminava também o meu ser, só evidenciava a escuridão opaca na qual eu me encontrava. O que eu não sabia era que ver a luz significava ver também a não-luz, e eu não estava preparado pra me livrar daquilo que impedia que a minha luz brilhasse. E também não aguentava pensar em mim como um ser tão egoísta, pequeno e ruim. E pior do que pensar era que agora, eu podia ver a distância que eu estava deles. Havia momentos de maior desespero, quando eu gritava e chorava sem parar, me sentindo sujo, feio e sozinho demais. Por que não havia ninguém como eu? Acho que passei a um estado diferente, estava ainda no mesmo lugar e era o mesmo, mas só via agora a minha nova realidade, em meio aqueles que há muito tempo, tanto tempo que nem se lembram mais, embora saibam, eram como eu. Enquanto não passava o efeito, e acho que durou meses, eu ficava pensando na minha natureza. E cheguei a pensar que nunca poderia ser como eles. Me via tão longe, mas ainda havia em mim algo que não era totalmente ruim, algo de esperança. Pensava que o tempo me faria sair dali, e que quando isso acontecesse, voltaria a ser como eu era, não importa quão bom ou mau, porque aqueles que estariam comigo eram tão cinzas quanto eu. E então eu voltei, um dia, o mesmo que tinha ido. Mas acho que pensei demais, vi coisas demais, me tornei demais algo que eu não era, ou era e não sabia. Não me transformaria no que eu queria e se sim, sabia que pra isso só havia um caminho: ser, aceitar minha natureza. Mas não quero, me canso, desisto. Acho que o único jeito de me livrar desse sentimento, de querer e não querer ao mesmo tempo nenhuma natureza que não seja minha não chega a ser uma opção, porque a minha realidade me faz refém de mim, mas se for para tentar, então quero tentar não ser, nunca ser, não ser nada, nada mais.

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