terça-feira, 30 de março de 2010

Dê-lhe o presente que quer viver.

Uma pessoa que gosta de conhecer outras pessoas tão interessantes, bonitas, melancólicas, inocentes,  entediadas e divertidas quanto ela. Sonha em um dia ser feliz em seu mundinho, o universo imaginário repleto de hortas, animais, solidariedade, artes, liberdade, pessoas, amor. Enquanto isso, ocupa-se com os trabalhos superficiais da faculdade; tenta lidar com a falta de tempo pra dormir; passa o tempo ouvindo música, pensando em ser melhor, tentando produzir algo bonito, conversando com as pessoas, lendo coisas aleatórias, querendo abandornar tudo e ir logo para aquele lugar perfeito que não existe. Mas a verdade é que as suas plantas morreram de verdade, seus livros não são tão interessantes, ela fica triste boa parte do seu tempo, não gosta de quase nada que tem que fazer e poucas são as coisas que a alegram verdadeiramente e as pessoas com as quais realmente gosta de estar, mas ainda existem. Por isso se lembra que é preciso viver, continuar, tentar, embora sua única vontade seja dormir dormir dormir e nem tão cedo acordar.
 
"Se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida." Clarice Lispector

"Existe coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma?"
Caio F.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Porque eu te conheci e te desejei.

A minha pele deseja desde o início o contato com a tua. As tuas mãos tocando o meu ombro no meio das conversas me provocam de um jeito louco e eu quero deixar que me toque inteira. Espero o fim dos assuntos ansiosa pela hora da despedida, quando há desculpa pra te tocar e te dizer, sem querer, sem dizer, aquilo que sinto. O abraço parece mostrar tudo o que eu tentava esconder. Tenho medo que tão perto tu possas perceber que o meu coração está acelerado e que comecei a tremer. É que eu esperei tanto por esse momento. E não dá vontade de te soltar, está tão bom assim e está demorando mais do que o normal, será que as pessoas vão perceber? É tão bom sentir assim. Você está tão cheiroso, sua pele é tão boa. Não sei porque, porque você? Queria ficar aqui por mais uma hora. Mas te solto, embora não queira. E dá vontade de voltar, não largar o teu braço, me abraça mais também, ou pelo menos deixa eu colocar a cabeça no teu ombro assim, como os gatos que falamos. Passou tão rápido, já acabou? Será que eu posso te abraçar de novo? Melhor não, eu tenho que ir. Sair logo de perto de ti, antes que eu me entregue com qualquer olhar. Me sinto tão medíocre quando tento evitar teu olhar, mas é porque se eu te olhar nos olhos... ah, se eu olhar nos teus olhos eu não vou conseguir mentir mais e eu vou querer pedir me abraça de novo, me leva pra tua casa onde eu me sinto em casa, faz tudo que eu quero que faça, me toca mais fundo, me queira também. E quando eu penso que não devo, porque não há certeza no meu sentir, fica tarde pra pensar que a condição é não ter certezas, não se envolver, te deixar ir. Então sem te olhar vou embora. Tento levar viva essa lembrança comigo, nosso abraço, tua pele, tuas palavras. Tudo podia ser tão bonito. Tento ser racional, eu já tenho compromisso e um amor, embora quisesse infinitos. Mas sem querer quero te ver de novo e sem ninguém ver quero te tocar mais e de uma vez olhar nos teus olhos e ver se depois eu consigo ter paz.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre sentir bem mais que amor.

Quando esquecemos que tinhamos que cumprir um ritual, pular etapas, negligenciar sentimentos indefinidos e corresponder de jeitos pré-determinados, tudo aconteceu tão naturalmente, exatamente como se nada precisasse ser dito e sim sentido apenas.  O amor sentido no peito, nas veias, na alma. O corpo todo pulsando, sentindo que recebia e dava prazer, troca perfeita. Os nossos corpos relaxados, a respiração ora parava, ora queria engolir todo o ar. O limiar entre a tranquilidade e a euforia, a calma e o desespero, o silêncio e os gritos, a pausa e o movimento, a lucidez e loucura: só então fui entender o que significava equilíbrio. Esqueci os objetivos, os porquês, os antes. Senti você, sem esperar nada, sem querer mais nada, sem prever decepções. E porque houvesse conexões mentais espirituais energéticas psicológicas físicas cósmicas alinhadas em uma esfera de luz invisível ao nosso redor, pudemos sentir o tempo parar e os nossos corpos mais leves e uma felicidade louca e as nossas mentes em transe.  O início do que seria uma vida inteira de amor e comunhão e simplicidade e prazer.

domingo, 21 de março de 2010

definições.

o que é que define uma pessoa? são as roupas que veste? as coisas que ama? as músicas que ouve? os dias que vive? as cores que gosta? os lugares que passa? as pessoas que convive? o tempo que gasta? as atmosferas que transforma? as dificuldades que tem? os deuses que acredita? os bichos que gosta? viagens que faz? as comidas que come? os filhos que cria? a água que bebe? as emoções que sente? os sonhos que tem? as ervas que fuma? os livros que lê? o bem que deseja? as experiências que leva? o estado que transpassa? as loucuras que pensa? as idéias que acredita? os momentos que chora? o mundo que vê? o corpo que tem? os desenhos que faz? as coisas que cria? as escolhas que faz? as crenças que tem? os sentimentos que emana? a mente que transcende? as mãos que segura? as utopias que deseja?  os amores que vive? perguntas e respostas, nunca definições, nunca limitações: não se defina e sua alma não terá limites!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bons ventos.

Tomara os ventos da mudança levem embora e transformem tudo o que aqui há. Deixem só sementes boas para os solos férteis de sabedoria e consciência e amor. Soprem logo bons ventos, ninguém aguenta mais esse mundo. Com tantos frutos podres, pobres de vida, somos nós. Novos dias, novos tempos. Mais vida, cor e luz. Ah, tomara os ventos da mudança!

Jovens de luz.

Jovens pensam em fazer algo além de viver apenas por viver, pensam em fazer algo pelas outras pessoas e pelo planeta. Paz! Luz! Gaia! Dançam em círculos, mãos dadas, pés descalços, cabelos ao vento. O pensamento elevado aos deuses que querem ser. Entoam lindos cânticos, choram de felicidade, riem de alegria. O contato com a terra, de volta às origens. A natureza sempre presente. A relação das pessoas sempre mais forte, pessoas que se olham nos olhos, se tocam além da pele, se amam. E amam os rios, as matas, os bichos. Fazem tudo para que as coisas mais naturais e simples não percam jamais sua importância. Sabem que são filhos da terra, pequenas sementes germinadas com os fluidos mais especiais. E trabalham, trabalham muito. Falam de plantar, cuidar, proteger, amar. Acordam com a luz do sol, felizes e agradecidos por estarem ali, dormem com tranquilidade sonos de paz e saúde por saberem fazer a cada dia um mundo melhor. Para si mesmos, para os outros todos, para ninguém. Fazem com que as pequenas grandes coisas sejam preservadas. Que jovens com estes pensamentos de vida! Jovens de espírito, almas furta-cor. Sou um deles, pensei. Eu quero ser um destes jovens.

"Jovem! Jovem, desbravador de novos mares, depende só de teus cantares o renascer de um mundo bom, bem melhor. Jovem, de sangue novo e peito aberto, será traçado um rumo certo: guiaremos o mundo ao amor! E quando amanhecer, num sol de primavera, desvenda a nova era em mim e em você!"

domingo, 14 de março de 2010

Você que é anjo, poeta e serpente.

Não sei dizer se hoje consigo pensar em você sem dor. Você me fez criar tantas esperanças, me fez ver um mundo completamente novo pra depois eu descobrir que você não queria dividir seus sonhos comigo e que eu não fazia parte dos seus planos, embora dissesse que sim. Embora não me quisesse, me queria por perto. Todas as tardes você me seduzia com bach, pimenta-do-reino, alecrim, incenso, vinho, flores do campo. Sua poesia ficava dias e dias na minha cabeça, assim como o jeito que você falava, os movimentos do seu corpo, o seu cheiro. Antes de você eu tinha um amor perfeito, todas as certezas do mundo. Depois de você eu tinha um mar revolto, todos os questionamentos possíveis e sentimentos antes i-ni-ma-gi-ná-ve-is. Você me fez ver e mudar a minha vida. Você sabia que eu estava ali ao seu lado e era onde eu pretendia ficar. Achava que com você nada seria igual, só as coisas boas. E então você pôde usar a minha devoção toda pra o que quisesse. Dividiu comigo seu pranto, sua insônia, seu desespero. E eu me perguntava: quando aquilo seria substituído pela calmaria? Me fez imaginar um mundo que acreditei ser perfeito, porque o mau tempo passaria. Viveríamos juntos e você não choraria mais. Seríamos felizes, então. Mas nossos corpos nunca chegaram a se tocar. Porque você não queria. Foi então que percebi que nunca passaria a tempestade, porque eu nunca fui pra você o que você era pra mim. Então você se foi. E eu deixei e quis que você se fosse. E você não me levou contigo e não sofreu em ato ou pensamento. E nos momentos de dor, isso foi o que mais senti. Depois disso eu discutia com Deus como você costumava fazer: gritava, chorava e pedia para morrer. E eu fiquei realmente triste, uma tristeza que durou tanto tempo que talvez nunca tenha parado de crescer.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Como viver o tempo?

Será que eu sou eu quando eu me mantenho dentro de mim ou quando me liberto ilimitadamente para fora? O meio? O intermédio de coisas externas na minha personalidade, que coisa de entender. Todos me olhando, pensem o que quiserem. Eu estou feliz, descrobri mais coisas em mim. Posso ser assim, ou de outro jeito, pensamentos momentâneos, sou que sou. Meu dia, minha noite, determinados por coisas que eu não praticava.  Pessoas, quem? Pessoas quaisquer importantes de repente. Bonitas, interessantes, se olhadas de perto. Corpos tão perto do meu, eu deveria fazer alguma coisa? Não quero fazer nada, pra mais, pra menos. Amo, quero alguns. Quero viver esse momento. O momento que escrevo, que como, que bebo. Que quero me entregar de vez. Tantos abraços numa noite, importantes uns. Olhares, beijos, toques. Palavras soltas, queria que mais soltas ainda. Pessoas podem gostar de pessoas, sempre digo. Pessoas. Independente das sete artes, do clima, do sexo, do tempo, do alimento e inclusive das outras pessoas. Pessoas juntas soa uma coisa muito bonita. Queria fazer parte disso. Sozinha não há futuro. Sinto que tenho uma capacidade inerte de amor. Queria fazer o querer todos os dias. Amar, no mais amplo sentido da palavra. Amar Amar Amar Amar. Os dias passam, as pessoas passam e o sentimento. Triste é saber que o tempo também passa.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Breve eterno amor.

Muito pouco tempo pra tanto sentimento. Quando perto, uma atmosfera indevassável. Um dia todo mundo precisa voltar: pra longe, pra perto, pra dentro. Você iria e tenho certeza de que não voltaria. Nunca pensei que pensar pudesse causar tanta dor. Imaginar a sua partida fazia lágrimas tristes da saudade antecipada, quando se sabe o inevitável. Um peso enorme no peito, desespero.  Era chegada a hora da partida. A despedida, a longa viagem, a dor da morte daquilo que havia. Sentimento ainda mais devastador quando te vi, estava claro que seria a última vez. Os nossos olhares, os nossos corpos se aproximando, as nossas vidas se distanciando para sempre. O último toque estará sempre vivo na minha memória. O jeito como o seu abraço inteiro me envolveu, seu peito e o meu, nossos corpos girando juntos no ar, meu corpo se deixando levar por sua dança,  a felicidade que tomou conta de mim, eterno momento num minuto. O último instante, o mais completo de todos. Tive certeza de que aquilo era o mais puro tipo de amor.

Expectativas.

Já está tarde, deveria descansar, dormir, porque ainda esta semana os dias vão deixar de ser cheios de expectativas e coisas inusitadas para enquadrarem-se novamente nos horários da velha rotina. Há tanto do que reclamar, mas ela deixa o tédio e muitas decepções longe do alcance da mente, que somente preocupa-se com prazos a serem cumpridos. Quando não há obrigação também não há disciplina para fazer tudo que há de vontade, acaba o tempo passando e os dias vão sendo levados sem perceber. E são tantas as coisas que se tem vontade de fazer. Ler, desenhar, pintar, plantar e dormir. Quero mesmo descansar, para sentir-me disposta, saudável, bonita. Apesar de cansada, sinto-me muito feliz e com certo tipo de espírito jovem. Estou com um brilho nos olhos, não sei se é perceptível, mas estou com vontade de viver, de me livrar do tédio que me corrói, da preguiça, dos vícios todos, dos outros defeitos. Estou com sede de vida e de mudança.

E há sempre um quê de novo.

É preciso viver. Ainda que a rotina se estabeleça, cansativa, monótona, desinteressante, é possível transformá-la em algo de inovação, pois sempre há algo novo. Sempre há um livro que não se leu ainda, um disco que ainda não se escutou, um lugar que não se foi, algo que não se tentou. E não digo no mundo, este ser inalcançável, longinquo. Digo facilmente acessível: um livro velho jogado em casa, um disco do cara do quarto ao lado, a praia da cidade distante. Sempre há. Sempre reclamo muito, do tédio, da monotonia, da solidão. Do tédio não me livro. E tem tantos livros neste quarto que eu gostaria de ler. Falta de tempo? Quantos e quantos livros comecei e a ler e parei antes da metade? Às vezes dá vontade de não dormir nunca, pra ver se dá tempo de ler tudo, devorar tudo numa noite. Mas os livros não lidos, histórias, informações pela metade, ficam me incomodando, deixando ainda mais desconfortável a sensação de tédio com a de atividades não terminadas. Tem sido minha maior meta: ler. Ler, entender, rabiscar os livros, e tenho conseguido, durante vinte páginas consecutivas. Depois disso os latidos dos cães, os desenhos das letras, os fragmentos de poeira na luz se tornam mais interessantes. Acho que é minha natureza o tédio. Mas sobre a inovação, digo: sempre há mesmo algo de novo. O meu medo é saber que existem tantas novas coisas e antigas também, desconhecidas, indecifradas, mas que lamento e temo: não me interessam ou sensibilizam.

terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre ti, meu amor.

És belo, és sincero, és forte. Teu corpo, minha tranquilidade, minha euforia. É tão macia a tua pele e disso só saberá quem provar do teu abraço apertado, confortante. Os teus olhos, rasgados, tão sinceros, bonitos. Teu cheiro de coelho, bicho livre. Tua mente sensata contrastando com a minha, insana. Nosso futuro é certo. Te quero, e sem precisar esperar vivo todos os dias feliz pela tua presença, satisfeita com tuas mãos nas minhas. Me dá alento, me ama, me entende tanto. Amo-te, és como alimento! Quando juntos, somos um. Minha vida, meu mais sincero amor. Quero estar sempre junto de ti. O lugar que. Estarei sempre junto de ti, aonde! Queria engoli-lo inteiro. Amo-te, meu amigo. Quero sempre esperar por ti e por tudo que entre mim e ti há de vir. Esperes tu também por mim. Minha calma, minha paciência um dia em lugar da loucura. E te amarei, e tudo de belo e simples se resumirá nisso.

domingo, 7 de março de 2010

Viagem de volta em agosto.

Sinto-me abandonada. A menina linda não está aqui, tenho medo de quando ela voltar a relação que começamos a construir tenha se perdido. Fiquei triste quando cheguei. Logo quando eu estava tendo prazer em estar aqui. Durante a viagem vim feliz, achando que voltaria para exatamente aquele mundo que deixei quando me fui. Mas para minha triste surpresa, parece que não é mais o lugar seguro e feliz em que eu me sentira tão bem. Ainda sinto que tenho meu espaço, por menor que seja, meu. Talvez um pouco de solidão seja o preço para se ter mais privacidade e silêncio e tempo só pra si mesmo. Me sinto só. Sei que talvez seja prematuro e exagerado pensar isso, mas acho que a ansiedade não me deixa parar. Senti aquele tédio que vem carregado de um depressivo espírito criativo e tentei usar para alguma coisa: desenhos. Se conseguisse fazer algo bonito, talvez me animasse. Mas nada me ajudou. Continuo até agora com um nó na garganta. Sei que não deveria me deixar afundar neste rio de desespero e medo, que me consomem. Medo de estar sozinha, e ter que esperar sempre por um dia no futuro, em que me sentirei completa e segura em todos os aspectos. Não quero pensar nisso. Quero descansar. Gostaria que ele estivesse aqui comigo. Amo-o muito. Ele é a única pessoa que, quando me sinto assim, tenho certeza: temos um ao outro e, às vezes, isso basta pra que ele me dê esperanças, me salve, me tire do rio.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Quando a vida é desalento.

De repente acorda, passa das dez. Porque dormira tanto? Todos os dias as coisas se repetem. Sono demais, comida demais, drogas demais, sexo demais. A bexiga muito cheia, o corpo quer livrar-se daquelas toxinas malditas que injerira ontem à noite e nas noites anteriores e anteriores ainda. Os olhos muito inchados, sabe que ficam assim sempre que chora e depois dorme, como uma criança. As pernas têm novos hematomas. A cabeça latejante, dói. Porque fizera isto consigo mesma? Todos os dias as coisas se repetem. Problemas demais, estresse demais, tristeza demais, solidão demais. A mente cansada concede ao corpo momentos lascivos de prazer. Prazeres de cama e mesa. E engordando, enchendo-se de bebidas e comprimidos, deixando-se levar para camas desconhecidas, chorando e vomitando toda madrugada sozinha é que percebe não estar bem. Será difícil descobrir do que precisa? Todos os dias as coisas se repetem. Acorda, pensando que quer mudar. Dorme, sem conseguir pensar em nada. Sem nenhuma esperança, às vezes tem certos pensamentos. O seu preferido é que um dia não irá mais ver seus olhos inchados no espelho, sentir dor, arrepender-se ou decepcionar-se com o que fizera nas noites anteriores pois, neste dia não irá acordar.