terça-feira, 27 de abril de 2010

Um jovem só.

Não gosta muito de outras pessoas e prefere a companhia de gatos, mas não é uma má pessoa. Não quer muito as pessoas por perto, embora se sinta só. Mas não as quer mal também, só não as quer. É difícil lidar com as pessoas. Na maioria das vezes se vê fazendo caras, forçando climas, inventando assuntos para falar e  se sentindo tolo. É difícil falar com as pessoas. Com alguns velhos até tem certa facilidade. Gosta deles porque o olham além de cabelos verdes desgrenhados e all stars velhos e cigarros na mão. Chegou a pensar com o tempo que a maioria das pessoas não é tão madura nem sábia quanto os simpáticos velhos que encontra pelos ônibus e quitandas e achou muito óbvio pensar isso e quando eles eram jovens o mundo ainda não parecia tão podre, eles devem ter tido algum ideal. Gosta dos velhos solitários como ele, que vê pela rua às vezes, que o cumprimentam com bom-dias serenos, desejando um presente melhor, não um futuro: o imediatismo de quem não tem mais tanto tempo, como todos deviam ser. E é nesses momentos ele se sente bom, que sente haver na vida do outro e a sua própria, um quê de doce e de luz. Deseja-lhes verdadeiramente bem e volta para seu mundo quase sem cor, até que outro alguém venha lembrá-lo que é bom e que precisa ver e viver e sentir por si só.

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