Deixe-a ir, está cansada dessa vida. Não está triste nem nada, só cansada. Os dias, as cores, os amores de que falavam os poetas, no seu mundo não existem, nunca existiram. Se há algo de felicidade é a sensação de na hora do sono ter a mente invadida por sonhos, belezas imaginárias, momentânea satisfação. A realidade dissipa num instante a atmosfera enganadora, que a faz ter esperança todas as noites, mas que sempre traz decepção por saber-se tola de acreditar, como criança, em sonhos. Antes do céu estar claro ou se ouvir o canto dos primeiros pássaros, a vida já acaba com a esperança criada durante aquele curto momento noturno. É preciso viver a realidade, dura, triste, feia. O corpo cansado parece prender a mente, que em nada mais consegue pensar além de querer livrar-se, voar como pássaro, borboleta, para bem longe, para lugares que só vira em sonhos. Não quer mais contentar-se a experimentar desta felicidade efêmera. Todas as noites enchendo-se de fé de ter algo belo na própria vida e desilusão ao deitar-se novamente, depois de um dia sem nenhuma semalhança com o que esperava, para deixar-se encher de outras mais emoções falsas. Não quer mais isto. Quer deixar esta vida. Deixe-a ir, deixe-a morrer, talvez a luz radiante seja melhor sonho para confortar-lhe o peito antes de em nova vida vir a decepcionar-se novamente, até que perceba a própria incapacidade de ver como os poetas, e então finalmente, veja alguma beleza: não nos sonhos desta vez, mas no seu próprio mundo.
nossaaaa não sabia que vc tinha blog tbm
ResponderExcluirvo te seguir...adoreii os textos!de verdade tbm!