Minha mente tenha lembrar do que há muito, pedi à ela que esquecesse. Queria lembrar não por saudade, mas para esclarecer e então esquecer. Lances escuros e confusos de algo que não sei o que foi. Mãos, palavras, pesadelos. Explicações sem fundamento para algo que não deveria ter explicação pelo simples fato de que nunca devesse acontecer. Tratamos daquilo como se tivesse sido só mais uma crise da relação. Mas eu sempre soube que de nada adianta insistir e tentar salvar algo que não existe, que morreu. Se existiu, durou pouco e os laços formados foram fracos demais para resistir ao tempo, à distância e às diferenças. Éramos pessoas tão diferentes. E nem sequer respeitávamos um a natureza do outro. Nem ao menos nos conhecíamos a fundo, e confiamos um no outro, dissemos que nos amávamos. Eu já tinha sentido dores menores por causa disso, mas achava que esta relação valia à pena, estava determinada não por mim, mas por seres superiores, e até hoje acredito, apesar de tudo. Mas então no meio de tantas outras coisas. Não tive coragem de contar para quase ninguém, porque não saberia falar de algo que não sei ter sido verdade ou não. Certeza que não imaginei! Mas prefiro acreditar ter sido pesadelo, que passou. Dizem que são más as coisas que devem ser escondidas. Na época quis gritar, chorar, morrer. Mas nem sei se foi tão grave assim, e facilmente me livraria de outra situação como aquela, se houvesse. Mas não houve outra oportunidade infeliz daquelas, ainda bem. O que havia vezenquando eram recados malcriados dizendo você-não-liga-mais-pra-mim e depois-de-tudo-que-eu-fiz-por-você. Parecia que tinha esquecido do que fez, porque prometemos que esqueceríamos, mas eu não esqueci. Nos vimos depois daquilo e nenhum de nós tocamos no assunto, deve ter achado que eu esqueci e esta reaproximação funcionava como um perdão ou consentimento, que eu nunca queria ter dado. Porque posso ter parado de pensar naquilo por um tempo, mas não esqueci. Já passou tanto tempo. E se nunca rompi o silêncio, porque agora? Talvez nem acreditem em mim. Não quero. Mas não quero também sustentar o peso de uma relação morta, de tantos anos de decepção e cobranças, de tristezas, e o que infelizmente eu terei que levar comigo para sempre, um sempre mortal. Porque é impossível que eu me livre desta relação, ainda que morta, porque sempre insiste em tentar renascer. E isto perturba tanto. Há um certo tipo de amor, mas um amor pisado, machucado, que não quero ter que viver, nunca mais. E isto também dói.
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