sábado, 20 de novembro de 2010

Se forma efêmera não há fato.

Fecha a boca, não diz mais nada, que tua palavra vai negar a minha forma. Se estanco no grito teu pulsar veneno a me olhar nos olhos querendo ver mais fundo e transformar-me em nada mais palpável que a coisa por ti inteligível, te calo sim neste instante, que eu não quero ser encaixada nos livros da tua estante, sim ser firme incógnita, sem ser imposta, ser maldeus. Se o meu cigarro tá na mão que me mata o gosto, o verbo, o ato e a forma, levo à boca com a consciência calada do que certamente será a minha natureza em breve porque só à mudança dicotómica da vida me permito. O contido nas gotas suspensas do teu éter que não é líquido, que não é sólido, embora queira e tente não desmancha minha forma concreta, dele foge fugaz. O muro não cai, nem cresce, a vida não flui, e esquece, tudo passa entre nós e vai, nunca haverá lembrança desse tempo das aves que vem confortar o peito trazendo a imagem sonora daquilo que não se vê quando preso em revolução dos pensamentos: a luz do dia clarear este lugar que é tão belo e é perigo a dor de se ver sem os dias de pó desse barro daqui - e nos vemos. Por isso dói, que eu me veja a querer me portar como coisa sólida que vê e vive e saber que se espalham por sua natureza atroz a ambição e a indelicadeza de prever a minha forma e querer que eu seja nuvem a qualquer custo.

Um comentário:

  1. buenisimo!, quiçá ao não compreender algo escrito lhe dou um significado próprio. legal!

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