quinta-feira, 11 de novembro de 2010

agradeci ment ira

Talvez merecesse também, por tudo o que hoje sou:
corpo destruído,
alma despedaçada,
moral inexistente.
Que o que restava em mim de segredo tu me fizeste gritar bem alto, enquanto tuas mãos devassavam
minhas vestes,
meus limites,
minha calma.
E se um dia só resolvi partir - pra longe ainda lembrar, que esquecer não posso - eu o faço:
com tua sombra no meu passo,
teu peso no meu ombro,
no meu rosto o teu cansaço
- da tristeza da perda que é também minha, porque
a voz eu calo,
o grito eu sopro,
o amor engasgo.
Que agora o que me guia não é mais nada que importe
a palavra falada,
a música composta,
o silêncio entre as notas.
Porque a dor chegou depois, à noite, e não foi nunca embora.

3 comentários:

  1. Meu deusss que lindo Raama!

    "Que o que restava em mim de segredo tu me fizeste gritar bem alto, enquanto tuas mãos devassavam
    minhas vestes,
    meus limites,
    minha calma."

    Nossa...arrepio

    ResponderExcluir
  2. Eu diria que parece um triste pesar...

    Mas não soa rancoroso.
    Nem saudoso, ao ponto do desespero.

    Pareceu uma costatação, fato consumado.
    Um olhar carinhoso sobre a noite, não por causa da noite mas pelo dia.

    poesia

    Obrigado pela SEMANAU,
    desculpe não participar mais...

    ResponderExcluir
  3. O post, anterior também parece ter mais conteúdo do que palavras...

    (é interessante quando o a sensação impreguina mais o texto que as palavras.)

    Uma boa caminhada pra você...

    ResponderExcluir