quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sinto que

meus ouvidos estão entupidos
das palavras que ouço, das mentiras que escuto,
meu peito está cheio
do ódio que sinto, das lágrimas que enxugo,
meus olhos estão secos
do vento que uiva, do ar que passa,
meu pulmão é vazio
de tudo que sopra, da coisa que inspira,
meu ser está morto
das velhas vontades, das verdades que engulo,
minha boca está certa
das linguagens tão retas, dos sintomas mais nulos,
minha mente lateja
as idéias que creio, os medos que crio,
minha pele está seca
dessa água que bebes, dessa tua saliva,
minha boca tem sede
deste teu órgão rijo, desse teu sabor puro,
meu ventre tem vida
a criança indevida, esse filho maduro,
minha mente lamenta
as loucuras que vivo, inconseqüencias que fujo,

a realidade é plena ilusão dos sentidos.

Um comentário:

  1. Li esta poesia, o texto anterior e alguns outros textos... sinto angustia e confusão! No fundo, no fundo, somos todos iguais, não? Confusos tentando arranjar um rumo, mas NUNCA, NUNCA certos sobre nossas apostas... ou se o piso do próximos passo é real ou falso e se vamos cair no buraco ou não... sabe, acho que deveríamos nos ver mais!

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