terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Não grito.

Respirar teu sopro antinatural que agora me faz bem, mal, por querer uma natureza de pensar e ser além dos meios, mas a síntese do meu sentir é medo, ou pudor - dos quais abro mão, mais do segundo que do primeiro: mira que as pernas tremem, a paz no corpo que se sacia, mas nunca se basta, há ainda a tentativa do reorgasmo após o gozo, do grito calado rasgado, do torpor do segundo que antecede o segundo esporro, quando os cabelos caem, os braços doem, os fantasmas saem, e ainda que amaciando a carne e o peito, reverbera a última emoção como no começo, mas logo é fim: que se olho em teus olhos há nuvens negras, há mares fundos, há beijos secos, refletidos pelo que há desse seu sincero úmido, o que esperava me dizer ser, mas a superfície de mim é infinita chada, que se estende ao longe, extensa e rasa não muito desliza, preocupada em não tocar a linha onde o céu encontra, é horizonte - esse limite intransponível do lugar donde se ouvem verdades, quase sempre ofensas; não que eu quisesse mentiras, antes de ti eu queria o silêncio, que  para mim é fácil, mas é que há algum tempo eu não me suporto, e hoje por isso, eu queria o grito: mas como sempre covarde, respiro e calo.

2 comentários:

  1. Tudo é tão...tão de verdade aqui!
    Sonhei com vc esses dias, sabe quando a gente não lembra o que mas acorda com a imagem de pessoa na cabeça? Então, n foi ruim não.
    Beijo linda!

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  2. Difícil é fazer o grito sair de dentro, mas quando sai dá uma paz. Bonito texto moça.

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