domingo, 12 de setembro de 2010

O verbo, palavra.

Queria ter o verbo livre como o pensamento. Que sem ter medo de julgamentos próprios se faz senhor da sua razão. Que tem seus próprios sentidos ocultos e que não se censura ao sentir-se (in)certo. Meu verbo é subjetivo, subjacente, subjugado, subentendido. Há o aperto, que as idéias presas fazem pressão contra a minha carne, querem sair, eu quero que saiam, mas. O sangue lateja na cabeça, sobe de uma vez, quente. A minha voz não vomita, engasga com as palavras e elas fogem pra longe, o mais dentro possível, logo quando poderiam ir. A cabeça gira, pesada e quase cai de tontura, da não-lucidez. Queria falar dessas coisas ao menos uma vez e sentir que liberdade vem do que eu posso me fazer ser. Disso eu sei, sei pouco do resto, dos jeitos, dos métodos. Sei do que quero: me fazer ouvir, me livrar dos dias de antes, das coisas feridas do passado que ainda dói, e tantas outras que já não me fazem parte do que eu presumo que seja eu. Falar de tudo que há de mais essencial, me mostrar nú, não ter mais medo. O meu corpo, parece não ser instrumento certo, que não obedece ao pensamento mais: ele quer ser todo verbo! Mas ele não se faz, é incapaz; de admitir querer pensar, e então ser.

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