Aspergi perfume em tua face. E com a face plena e perfumada então, me tu deixaste. Queria por uma última vez te vestir antes dos bailes - e te despir depois. Mas agora não seria meu o teu pensamento, porque nunca foram meus os teus passos nem giros, mas de todas as outras, sim, porque a minha dança era outra, muito mais livre, e tu não sabias ser assim. Naquelas noites, os teus olhos cegos pelo brilho das saias mal podiam ver que eu era das cores e não dos brilhos, das tardes e das manhãs, pouco das noites. Meus cheiros de hortelã viva, não perfume de boutique. Mas tudo que é fácil de se ver quando está longe, é invisível aos olhos de quem está perto. Nosso mundo ia acabar e eu há muito tinha a certeza de que por nós ninguém lamentaria. Duas vidas tão diferentes colocadas lado a lado, mas que nunca se completaram. Um caso bonito e tudo, mas acabado, porque todos merecem, todos querem algum tipo de algo que eu tentando achar resposta resolvi chamar de emoção, ou impulso do inesperado. Eu te ensinei que a vida corre nas minhas veias enquanto as vozes passam na tua caixa de madeira, e o teu sono vem como que de propósito concordar. Sentimos, ou deveríamos. Eu escrevi pequeno com giz pra que tu lesses de perto, a verdade assim: um futuro incerto. Fica sem mim, sem medo. E logo tu tornas a sorrir, que as belas donas de tuas noites não vão te deixar chorar por mim. Depois seríamos, de longe agora, como de sempre: tua fumaça dos cigarros, minha fumaça dos incensos e nossas luzes apagadas, em silêncio.
meu deussss que lindooooooo!
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